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São Paulo – Pesquisadores americanos criam um super microfone aquático,pequeno como uma ervilha mas capaz de funcionar a até 11 mil metros de profundidade e captar sons com uma variação de 160 decibéis.
A peça, que pode ser usada em qualquer profundidade do oceano, aguenta fortíssimas pressões e sente frequências com uma variação de 17 oitavas – super agudas e super graves.
Para cria-lo, os pesquisadores da Universidade de Stanford, no Estados Unidos, se inspiraram no modelo de audição das baleias orcas.
O problema com os chamados hidrofones, equipamentos usados para escuta submarina, é que eles não suportam bem a pressão e nem são muito sensíveis em grandes profundezas – daí a ideia de se inspirar em algo que, na natureza, já funciona muito bem sob a água.
As baleias, e também os seres humanos, percebem o som como uma pequena variação na pressão. Quando alguém bate em um tambor, por exemplo, gera ondas sonoras que podemos ouvir – ou sentir na forma de som. Um microfone detecta essas ondas por meio de uma membrana, ou diafragma, que vibra de acordo com a pressão que recebe.
Em terra, a variação da pressão do ar é bastante constante, então os microfones não precisam se preocupar muito com ela. Mas no oceano, a cada 10 metros que você desce, a pressão aumenta o equivalente de uma atmosfera (a pressão sentida na superfície). Por isso, para pesquisadores estudando vida marinha, migrações, ou até mesmo fazendo mapeamento submarino, é importante contar com algo que suporte grandes pressões – para se ter uma ideia, o ponto mais “fundo da Terra” está a 11 mil metros de profundidade abaixo do nível do mar.
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Inspirados na audição da orca, os pesquisadores perceberam que a única maneira de criar um sensor para essa profundida era enchê-lo de água para manter igual a pressão dos dois lados da membrana, independentemente da profundidade.
A equipe de cientistas fabricou então um chip de silício com uma fina membrana de 500 nanômetros de espessura e fez pequenos furos nele que permitissem a passagem da água. Eles então passaram um cabo de fibra óptica, posicionando uma extremidade na superfície do diafragma. Uma luz de laser era então acionada, passando pelo cabo até chegar ao chip. Quando o diafragma é levemente deformado pela onda sonora, a intensidade da luz refletida de volta no cabo é alterada, e essa alteração é medida por um detector ótico.
Os pesquisadores usaram três diafragmas, cada um com um diâmetro diferente, e conseguiram regulá-lo para maximizar a sensibilidade . Eles são tão pequenos que o maior dos três possui 3/10 milímetros de diâmetro. Cada um é ligado com um cabo de fibra, e existe ainda um outro para calibração.