Pacotão de segurança: punições e poderes de hackers, redes zumbis

Poderia um hacker derrubar o Google ou a Microsoft?
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Altieres Rohr Especial para o G1* 
 
Header Coluna Altieres - Segurança Digital (novo nome - ATENÇÃO) - VALE ESSE - ULTIMO - FINAL (Foto: Editoria de Arte/G1)

Código Penal brasileiro tem leitura mais rígida que coloca incertezas em processos contra hackers (Foto: Divulgação)
Código Penal brasileiro tem leitura mais rígida que
coloca incertezas em processos contra hackers
(Foto: Divulgação)

>>> Punições de hackers
Queria saber: esses hackers estão cometendo algum crime previsto no código civil? Existe alguma possibilidade deles serem presos?

Bruno Luciano

Bruno, o código civil não pode prender ninguém. Nesse caso, precisa ser o código penal. A questão é um tanto incerta, porque a aplicação de leis do código penal é muito mais cuidadosa – não se permitem analogias, ou seja, fica mais difícil para a polícia enquadrar os crimes virtuais nas leis existentes para o mundo físico.

Segundo os especialistas ouvidos pelo G1, na melhor das hipóteses, os hackers poderiam pegar cinco anos de cadeia com os crimes de dano, perturbação de serviço de utilidade pública ou, dependendo do caso, de interceptação de dados. No entanto, a questão toda é bastante incerta, porque a aplicação do código penal sempre depende de uma interpretação muito mais rígida da lei – no sentido de restrita, e não de severa.
Ou seja, vai depender muito do juiz que estiver no caso e dos meios específicos usados pelos hackers na invasão e, ainda, da evidência que a polícia conseguiu coletar. Aliás, a obtenção de evidências para incriminar os hackers é outro problema na legislação atual, que é muito lenta para a velocidade que a internet exige.
Quando existe fraude bancária, o enquadramento é normalmente mais simples porque existe um dano financeiro claro e também a fraude, com o uso de nomes falsos, por exemplo. No entanto, para delitos “puramente virtuais”, muitos especialistas apontam que a situação é complicada no Brasil. A única área em que já temos legislação específica é a de pedofilia.

A capacidade e a distribuição da rede de algumas empresas torna difícil que um ataque de negação de serviço seja bem sucedido (Foto: Divulgação)
A capacidade e a distribuição da rede de algumas
empresas torna difícil que um ataque de negação de
serviço seja bem sucedido (Foto: Divulgação)
>>> Poder dos hackers
Você acha que o grupo conseguiria derrubar empresas maiores, como Microsoft, Apple ou Google?
Lucas Magon

O que diferencia a Apple, a Microsoft e o Google das empresas atacadas e derrubadas até agora é que essas empresas contratam serviços de internet e conexão ao redor do mundo. Os ataques de negação de serviço usados para derrubar um site normalmente conseguem sucesso devido ao afunilamento, ou seja, computadores do mundo todo acessando um mesmo site.
Essas empresas que você citou possuem serviços (próprios ou contratados) que colocam servidores em todos os lugares do mundo, com recursos automáticos de roteamento distribuído (as técnicas têm nomes como anycast e DNS dinâmico) que permitem a usuários no Brasil acessaram um servidor no Brasil, usuários da Espanha um servidor da Espanha e assim por diante, de forma automática e transparente, às vezes até pelo mesmo endereço IP.
Isso significa que não haverá afunilamento e o ataque será disperso em pequenos fragmentos ao redor do mundo. Pode até acontecer de o serviço cair em alguns países ou regiões específicas, mas não vai cair em todos os lugares ao mesmo tempo.
O Windows Update da Microsoft foi alvo de um enorme ataque de negação de vírus gerado por um vírus chamado MyDoom. Foi nessa ocasião que a empresa contratou um serviço para realizar essa dispersão de ataques. Outra consequência é que os downloads e acessos ficam mais rápidos para todo mundo, já que vamos acessar servidores geograficamente mais próximos.
O Google tem uma rede fibra própria nos Estados Unidos para ajudar a sustentar seus serviços, entre os quais está o YouTube, por exemplo, que consome uma quantidade de tráfego absurda – estimativas em 2006 apontavam para até 200 terabytes por dia. Dados de 2009 apontam que 6% de todo o tráfego da internet é do Google. Logo, é muito difícil que um ataque faça alguma diferença para essas empresas.
Para não se tornar parte de uma rede zumbi, é preciso saber se proteger contra vírus (Foto: Divulgação)
Para não se tornar parte de uma rede zumbi, é
preciso saber se proteger contra vírus
(Foto: Divulgação)
>>> Rede zumbi
Sou professor universitário na área de programação de softwares. Gostaria de saber como evitar que meu computador seja parte de uma rede zumbi e gostaria também de compartilhar essas informações com meus alunos.
Liniker Fortunato

Para não se tornar parte de uma rede zumbi é preciso tomar os mesmos cuidados que se toma contra vírus: manter o Windows, navegadores e plug-ins atualizados; não executar qualquer arquivo vindos de e-mail, mensagens instantâneas e redes sociais, não baixar programas piratas como “cracks” e “warez” que possam estar contaminados. É claro: um antivírus também ajuda, bem como o site VirusTotal.
No caso de pessoas mais informadas sobre a área de informática, como é o caso de você e dos seus alunos, vale também a utilização de um firewall. Isso porque um firewall pode permitir detectar quando o computador tenta se conectar em um servidor de "comando & controle" – o “cérebro” da rede zumbi, controlado pelo hacker. O firewall, além de proteger contra alguns ataques, ainda permite que você controle como cada programa acessa a internet, e aí que ele serve como “aviso” de que uma possível invasão por um vírus ocorreu no computador.
Pragas que tornam o computador parte de redes zumbis são espalhados com frequência com o auxílio de brechas de segurança no sistema operacional e outros softwares e, por esse motivo, é muito importante que todos os softwares sejam sempre atualizados, especialmente o sistema operacional, o navegador web e os plug-ins.